quinta-feira, 26 de maio de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Mariana Duarte e Cindy Nunes

De acordo com a leitura dos textos pude perceber que os povos indígenas contribuem de maneira decisiva para a diversidade étnica e cultural no Brasil. Segundo o dicionário da língua portuguesa, a palavra índio significa nativo, natural de algum lugar. Contudo sabemos que essa denominação tem origem de um erro náutico, quando Cristovam Colombo em 1492 na viagem que tinha como destino às Índias, desembarcou na América e atribuiu a denominação de índios aos moradores desta terra. E o nome índio se conservou até os dias de hoje.
Cada pessoa indígena é pertencente a um povo, e possue uma denominação própria. No Rio Grande do Sul temos os povos indígenas denominados Guarani, Charrua e Kaingang. Eles vivem, em sua maioria, em locais mais afastados da cidade. Cada povo indígena tem um sistema próprio de educação, mas em geral podemos compreendê-la em três pontos principais que formam uma unidade: a economia da reciprocidade; a casa, o pátio, como um espaço educativo doméstico da família e da rede de parentesco; a espiritualidade, como concentração simbólica de todo o sistema (rituais mitos...).
Porém, mesmo com toda essa organização educacional, muitas aldeias adotam a escola como uma maneira de aprender como funciona o sistema de vida fora da aldeia.
Os Kaingang estão vinculados, culturalmente, às sociedades Jê Bororo, Kren-Krôre, suya e timbira. A população Kaingang é uma das maiores do território brasileiro, atingindo mais de 20.000 pessoas, segundo dados de 1994.
Encontramos os grafismos, os símbolos da cultura Kaingang em grande variedade de objetos, como por exemplo, trançados, utensílios confeccionados em cabaças, troncos de pinheiros e nos seus próprios corpos. Seus traçados revelam formas vinculadas a percepção dual do cosmos, enfatizando sua organização social baseada em duas metades exogâmicas e complementares, denominadas Kamé e Kainru-kré.
Téi e Ror são os nomes dos símbolos, dos grafismos que identifica os Kamé e Kainru-Kré, respectivamente. Alguns desses grafismos servem para representar as duas metades  Kaingang. Tanto os Kamé como os Kainru-Kré, e os símbolos surgidos dessa mistura recebem o nome de Ra iãnhiá. Segundo os Kaingang de Nonoai, essa marca, esse símbolo misturado (Ra iãnhiá) indicariam um indivíduo com um grau de autoridade sobre as duas metades. Essa marca, atualmente, é a mais comum na pintura corporal dos Kaingang do Rio Grande do Sul. As aldeias Kaingang se localizam mais no sul do Brasil (São Paulo, Paraná. Santa Catarina e Rio Grande do Sul), principalmente em áreas de florestas.
O modo de vida do Guarani valoriza os aspectos culturais tanto da criança como do jovem e que envolvem a memória, a emoção, a mente humana, os sujeitos éticos e estéticos. O ensino Guarani respeita o ciclo da vida, de forma que os conteúdos trabalhados possibilitem uma construção coletiva dos conhecimentos.
No contexto dos espaços ritualísticos de educação, destaco a forma como as crianças são educadas no cotidiano. A criança vive no mundo dos sentidos e dos espíritos. Esta é observada dentro de uma relação de confiança, como expressão do sagrado. A dança é parte das vivências infantis de movimento, energia vital conectada à dimensão transcendental. Os sentimentos produzidos a partir da vitalidade são de alegria e entusiasmo, e da transcendência são de serenidade e beatitude, q que geram como evolução humana a experiência de autonomia e êxtase.
A Língua Guarani, no Brasil, está subdividida em três dialetos: O Mbyá, o Nhandeva, e o Kaiowá. Seus falantes estão localizados nos estados da região sul, sudeste e centro-oeste brasileiro e são agrupados em aldeias (Tekoá). Os Guaranis estabelecem sentidos aos grafismos presentes nas cestas, nas pinturas e em todos os outros objetos produzidos por eles. Enfatizam conceitos de uma ecologia simbólica, de um esquema cultural de concepção do meio ambiente que aponta para conceitos cosmológicos.
A arte mbyá e nhandeva destaca em seus padrões gráficos, os domínios da natureza e da sobrenatureza, através da representação de seres primitivos: deuses, animais, vegetais e outros elementos dos cosmos. Os símbolos mbyá-guarani e nhamdeva-guaranis apresentam características bem marcantes: são traços abstratos, formas geométricas. Seu padrão (geométrico e abstrato) remete a um significante da natureza ou da sobrenatureza, estabelecem uma “ponte” de comunicação com Ñanderevuçu (divindade Guarani).
A pintura corporal Guarani (yti) tem a ver com momentos de crise, marcando na pessoa processos de rituais de passagem, ou como proteção contra doenças ou infortúnios. Nos dois casos, a pintura tem ligação com a religiosidade Guarani.
A cura está ligada ao acompanhamento ativo da comunidade em torno da pessoa doente. Na Opy, as regras são os ritos, cada um dos índios deve saber o que fazer: se vai dançar, se vai tocar o takuapu, se vai ajudar o Karaí na cura. Aueles que não têm uma função determinada no grupo, ficam sentados observando, orando, alguns até adormecem. Um detalhe importante é que todos fumam seus respectivos pethenguás. A pessoa Guaranicostuma ter uma vida ativa nas decisões políticas, sociais e econômicas de sua sociedade.
(Texto escrito por Mariana Duarte e Cindy Nunes, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS).

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