domingo, 18 de dezembro de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Luandra Lucena Moschen


             Mesmo diante de uma história marcada por trágicos processos de colonização, os povos indígenas sempre resistiram de diversas formas. Hoje, podemos perceber através de dados do IBGE, que mais de 230 povos indígenas habitam nosso país, colaborando assim para a grande diversidade étnico-cultural que caracteriza o Brasil.
                O que aprendemos sobre os índios na escola reflete um pouco da agressão simbólica contra a cultura desses que habitavam nossas terras antes da chegada dos colonizadores. A própria denominação “índio” vem desde o erro de navegação de Cristóvão Colombo, em 1492, ao pensar estar chegando às índias. Hoje, em meio às lutas políticas, os povos indígenas preferem manter a denominação como forma de unir e fortificar os povos originários de todo o território nacional.
                Por outro lado, há muito a ser mudado nas escolas não indígenas no que ser refere aos estudos desses povos. Lembro-me de estudar os índios como pessoas (muitas vezes comparados a bichos selvagens) que vivem somente nas matas, em lugares distantes, em ocas, nus, caçando. Estamos falando de Brasil, um território imenso. Cada região apresenta um tipo de clima, de vegetação, que não permite esse modo de vida a todas as populações indígenas. Isso é simples de se pensar!
                Por isso, é importante compreender que, entre as quatro populações indígenas mais populosas do Brasil estão os Kaingangs que mantêm suas comunidades em regiões de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
                Os kaingangs pertencem à família jê do tronco macro-jê e formam um dos maiores povos indígenas do Brasil, com mais de 20 mil pessoas.                O pensamento mitológico é muito presente na compreensão de mundo desse povo, dividindo-se entre metades denominadas Kamé e Kanhu, um sistema dualista, onde repartem entre si os seres (animais, plantas, minerais, corpos celestes), mantendo viva uma forte relação com a natureza. Isso vale para a regra de casamentos entre eles. Um homem kamé deve casar-se com uma mulher Kanhu e um homem kamé, com uma mulher Kanhu, reproduzindo assim uma descendência patrilinear.
                Suas crianças freqüentam escolas indígenas ou escolas públicas municipais ou estaduais próximas às suas comunidades. Assim, cada vez mais os jovens têm entrado nas universidades para dedicarem seus conhecimentos às suas comunidades.
                Vivem da produção e venda de artesanato e trabalho assalariado fora das comunidades.

(Texto escrito por Luandra CLucena Moschen, da disciplina Povos Indígenas, Educação e Escola da Faculdade de Educação da UFRGS).

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SAÍDA DE CAMPO 2011/2

No último sábado, dia 05 de novembro, os alunos da disciplina Povos Indígenas, Educação e Escola realizaram uma saída de campo: visitaram o povo Guarani, na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Para muitos, este foi o primeiro contato que tiveram com indígenas, o que causou um certo choque cultural. O que mais marcou a maioria dos alunos foi o fato de que os Guarani não se preocupam com objetos, que não algo tão importante para eles, pois quem realmente se preocupa com isto somos nós, brancos, por uma questão cultural. Uma colega nossa, a Luandra, levou um macaco de pelúcia para ver o que aconteceria. As crianças ficaram encantadas, e o macaco foi tratado como se fosse uma pessoa, como podemos ver na foto abaixo, em que as crianças estão todas admiradas:
Outra atividade feita foi a contação de histórias por um grupo de mulheres do curso de Letras, chamado "Quem conta um conto...", que fizeram uma ótima apresentação de histórias Guarani e encantaram a todos. As crianças pularam corda, que nós levamos e também fizeram um lanche, levado por nós. Outro estranhamento apontado pela turma foi o fato das crianças pegarem apenas um salgado ou doce por vez, mas percebemos que assim elas foram orientadas, pelos mais velhos, talvez para nos mostrarem que são muito educados, algo assim.
Enfim... Conhecer uma cultura diferente, que estamos estudando, na prática, é muito gratificante, e isso foi percebido em nossa turma.

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Priscila Costa da Silva Aristimunha

1 COMPREENSÕES SOBRE OS POVOS INDÍGENAS GUARANI E KAINGANG


A partir da leitura do livro “Povos Indígenas e Educação” e das aulas ministradas pela professora Maria Aparecida Bergamaschi, foi possível iniciar uma breve reflexão e compreensão a respeito dos povos Guarani e Kaingang. O povo Guarani tem sua origem na família tupi-guarani e é dividido em três parcialidades étnicas: o mbyá, o nhandeva e o kaiowá. Estes povos estão localizados principalmente nas regiões centro-oeste, sudeste e sul de nosso país.
Além de desfrutarem de uma língua dividida em três dialetos diferentes, estes povos agregam identidades sociopolíticas um tanto diversificadas, pela influência dos contatos vivenciados com as populações não-indígenas. Apesar disso, este povo evidencia uma grande unidade cultural mitocosmológica e artística. O povo guarani estabelece categorias de sentido muito específicas aos seus grafismos utilizando-os na cestaria, na pintura corporal, nas armas sempre se preocupando em evidenciar o meio ambiente e os seres da natureza, excluindo a representação da figura humana.
Quanto ao processo de conhecimento, o ato de escutar é algo próprio da aprendizagem guarani que os fazem refletir sobre as decisões a serem tomadas independentemente da idade que possuam. Além disso, a cura e o apoio fazem parte dos sentidos compartilhados por este povo. Quando uma pessoa está doente, todos da comunidade devem ter um acompanhamento ativo durante o tratamento desta. Apesar do Karaí (o grande educador na sociedade guarani) ser uma figura central na forma de aprendizagem, para os guaranis o ato de caminhar desenvolve a paciência, a coragem e consciência geográfica de distância.
Com relação ao povo Kaingang, este pertence à família jê do tronco macro-jê e está localizado nos quatro estados ao sul de nosso país (RS, SC, PR e SP). Sua população é uma das maiores de nosso país, atingindo cerca de 20.000 pessoas. Seus grafismos revelam uma percepção dual do cosmos, designadas Kamé e Kainru-kré, que são assimétricas e se complementam. Ao contrário dos povos guarani, os kaingang demonstram através de seus grafismos corpos e nomes, relações sociais, preocupação com o equilíbrio entre os opostos e a complementaridade. Os povos kaingang possuem uma economia baseada na caça, pesca, artesanato e agricultura complementar. O pinhão, abundante nas florestas de araucária presentes ao centro do RS são coletados entre os meses de março a maio e vendidos na beira de estradas.
As crianças kaingang estudam em escolas indígenas ou em escolas públicas municipais e estaduais. Aquelas que freqüentam as escolas indígenas são alfabetizadas em kaingang e português e as demais somente em português. Muitos dos jovens que passam pelo Ensino Fundamental chegam a uma universidade cursando Direito, Pedagogia, Ciências Sociais, Agronomia, Enfermagem, entre outros. Depois de formados, estes se dedicam a trabalhar pelo bem-estar de suas aldeias, nas escolas indígenas, postos de saúde, na FUNAI ou em ONGs.
Os kaingang dividem-se em dois grandes grupos denominados kamé e kanhru. As pessoas mais idosas, responsáveis pela transmissão de saberes dividem homens e mulheres, plantas e animais de acordo com a orientação do sistema dualista. Para estarem em equilíbrio as famílias devem ser compostas por casais onde homem e mulher pertençam a metades opostas. Porém, mesmo havendo estas relações de reciprocidade e complementaridade, podemos dizer que há uma assimetria, pois a metade kamé é considerada mais forte do que a kanhru.
Através desta pequena análise e reflexão torna-se possível perceber que os povos Guarani e Kaingang possuem inúmeras especificidades dentro de sua própria cultura e que cabe a nós estudantes buscar compreender estas diferenças através das leituras e trocas realizadas durante o decorrer desta disciplina.
(Texto escrito por Priscila Costa da Silva Aristimunha, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Divulgação - Curso de Extensão

Como tratar a temática indígena e 
afro-brasileira na escola? 

Quando: 24 e 31 de outubro; 07, 21 e 28 de novembro (segundas-feiras) 
Horário: 18h30min às 22h 
Local: Av. Paulo Gama s/n, Faculdade de Educação – prédio 12201, 
sala 306 
Público alvo: professores da Ed. Infantil e Anos Iniciais do Ens. 
Fundamental e alunos da Pedagogia e demais licenciaturas 
Valor: R$ 10,00 


Inscrições pelo e-mail: 
extensaopibidpedagogia@hotmail.com 
Maiores informações: (51) 8436 8620 c/ Michele 
Com CERTIFICADO de 20 horas


VAGAS LIMITADAS!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

POVOS INDÍGENAS - KAIAPÓ: OU KAYAPÓ, OU CAIAPÓ

1. SOBRE OS KAIAPÓS

            O termo Kaiapó foi lançado por grupos vizinhos a esse povo, tendo como significado "aqueles que se assemelham aos macacos", pois os homens realizavam um ritual no qual ficavam paramentados com máscaras de macaco e realizavam danças curtas. Porém ao referirem a si próprios, preferem ser chamados de mebêngôkre, "os homens do buraco/lugar d'água".
            Em relação à língua, são pertencentes à família linguística Jê, do tronco Jê.


                                                Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/troncos-e-familias
           
            Valorizam a oratória, sendo que se definem como aqueles que falam bem/bonito, ou na língua kaiapó “Kaben mei”. Em algumas ocasiões, como cerimoniais, falam como se estivessem tomando um golpe na barriga, assim diferenciando essa fala da fala comum.
            São constituídos de duas grandes divisões: os caiapós meridionais, ou do sul e os caiapós setentrionais, ou do norte.
            Os primeiros formavam numerosos grupos, hoje extintos, que habitavam o sul de Goiás e de Mato Grosso, o noroeste de São Paulo e o sudoeste de Minas.

2. LOCALIZAÇÃO
           
            Localizam-se sobre o Planalto Central, mais precisamente nos estados de Mato Grosso e do Pará. Com essa localização, enfrentam duas estações: as estações secas (inverno), que vai de maio a outubro e chuvosas (verão), de novembro a abril. A estação seca apresenta como característica dias quentes e ventosos e noites agradáveis, sendo classificada pelos kaiapós como “tempo bom”. Em contrapartida a estação chuvosa se caracteriza por chuvas torrenciais e pela presença de mosquitos, chamando-se assim de “tempo da chuva”.


3. POPULAÇÃO

            Uma estimativa do ano de 2000 indica uma população total de aproximadamente 6300 pessoas, porém ocorrem algumas divergências em relação ao valor total, pois ocorre um aumento constante de sua população.
Uma aldeia indígena costuma variar entre 30 e 80 pessoas, entre os Kayapó, esse número flutua entre 200 e 500 habitantes.


4. ORGANIZAÇÃO SOCIAL

            As casas das aldeias são construídas em formato de círculo, tendo em torno uma praça descampada. No meio dessas aldeias, há a casa dos homens, uma associação onde os mesmos se reúnem para discutir. Lá ocorrem também os rituais. Esse tipo de formação ocorre em todas as aldeias pertencentes ao tronco Jê.
            Nas casas habitam famílias inteiras, advindas dos casamentos realizados, pois as mulheres ao casarem-se trazem seus maridos a morar em suas casas. Assim, quando a residência bate o patamar de algo em torno de 40 pessoasl, inicia-se um processo de construção de casas contíguas à primeira, ou seja, aquilo que costumamos chamar na língua “dos brancos” de “puxadinho”.



5. PINTURAS CORPORAIS  

            A pintura possui função essencialmente social e mágico-religiosa. Para poder receber a pintura corporal com desenhos e motivos decorativos, a pessoa precisa estar com saúde e com a pele limpa. A pintura dos adultos difere da infantil. Crianças pequenas, de ambos os sexos, recebem a mesma pintura corporal.

6. NOMINAÇÃO

  Os Kayapó distinguem doze rituais de nominação. Distinguem duas categori
rias de nomes de pessoas: os nomes "comuns", que podem ser originados de alguma parte do corpo o u a uma experiência pessoal  e os "belos" ou "grandes“, que apresentam um prefixo cerimonial e um sufixo simples.
              São "honradas" entre duas e cinco crianças, denominadas mereremex = "aqueles que estendem sua beleza");


7. ECONOMIA

               Agricultura itinerante praticada por homens, mulheres e meninos. Usam o método de desbravar e queimar (queimada).
               Semeiam batata, cará, mandioca, algodão, milho e, ao lado das árvores, plantam cupá, uma videira com gavinhas comestíveis.
               Alguns grupos introduziram em suas hortas arroz, feijão, mamão e tabaco. Usam fertilizantes e pesticidas.


8. EDUCAÇÃO

Quanto à maneira dos índios Kaiapós educarem as crianças da tribo, não encontramos material para o embasamento, apenas descobrimos que a educação se faz por todos os habitantes da aldeia que repassam as tarefas que garantem a sobrevivência do grupo a cada nova geração desde cedo, tornando as crianças independentes.
U L K – Universidade Limpa Kaiapó: o resgate dos primeiros brasileiros
Em 2009, Paulinho Paiakan juntamente com os líderes indígenas da Nação Kaiapó e o colaborador Prof. Saraiva Rodrigues, elaboraram um projeto de uma Universidade para entregar ao Presidente da Funai. Na carta (que pode ser acessada no blog: http://universidadelimpa.blogspot.com), os Kaiapós encaminham algumas resoluções e exigências:

1 – As Comunidades Unidas Kaiapó, a partir do Fórum Social Mundial, começaram a entender a importância da preservação das suas terras, demarcadas recentemente;

2 – que, essas lideranças reunidas definiram que Paulinho Paiakan seria o representante junto aos órgãos estaduais, federais e a Comunidade Internacional, para cuidar dos seus interesses;

3 – que, diante dessa perspectiva todos compreenderam que um CENTRO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO deveria ser implantado nas terras, para proteger os direitos da Nação Kaiapó, inclusive o patrimônio cultural;

4 – que, a partir dessa decisão resolveram expor ao mundo esse projeto e que a FUNAI, enquanto governo do Brasil, é o órgão capiteneador da causa indígena;

5 – que as Comunidades Indígenas entenderam que não mais devem ser aculturados, pela cultura dos brancos, pois isso trouxe contaminação cultural, étnica, moral e social, conduzindo o povo Kaiapó aos mesmos erros cometidos no passado com todas as nações tupiniquins e, em acontecendo, os Kaiapó estarão condenados ao extermínio, no máximo, em duas ou três gerações;

PELO EXPOSTO REQUER
Que Vossa Excelência interceda junto a Presidência da República para que Excelentíssimo Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva, através do Ministério da Justiça e Ministério do Meio Ambiente, avalise essa causa e conceda a este representante passaporte legal para divulgar este projeto e, com isso, possa obter apoio da Comunidade Internacional e reverter o processo de extinção dos índios brasileiros, a partir da Nação Kaiapó. É um apelo que faz um povo em adiantado processo de decadência cultural e moral.



            Visando garantir a sobrevivência e continuidade das tribos kaiapós e de todas à natureza o projeto da Universidade Limpa seria um patrimônio mundial para a humanidade em que todos os seres humanos poderiam ter aos conhecimentos que os Kaiapós possuem para contribuir com equilíbrio do planeta. Na Universidade Limpa “não haverá nenhuma distinção de qualquer pessoa pelo seu credo, raça, cor, sexo, todos serão iguais e poderão cursá-la sem ter um currículo para ser obedecido.” Outro ponto interessante é que não haveria valor a ser pago pelo ensino, pois acreditam que “A natureza se encarregará de dar a cada um, segundo sua necessidade.”  
As áreas contempladas pela Universidade Limpa seriam:
* Estudos e Pesquisas Biomédicas
* Estudos e Pesquisas Zoobotânicas
* Manutenção e Tecnologia
* Tecnologia de Alimentos
* Administração e Habitação.

Apesar dos benefícios que este projeto se propõe a trazer para a comunidade Kaiapó e para os brancos também, não encontramos a resposta do Presidente da FUNAI, nem mesmo se haveria uma previsão de ter alguma Universidade Kaiapó no Brasil.
Projeto da
 Universidade
Limpa


 9. LIDERANÇAS


 “O chefe Kaiapó, Paiakan representa, atualmente, a luta pelo meio ambiente, ecologia e pela convivência na diversidade e o direito à vida. Em suas andanças pelo mundo, sempre foi a figura destemida quando falava, firme e sem receios, sobre a difícil tarefa da preservação, manutenção e ampliação dos direitos dos povos indígenas”.


10. BELO MONTE E OS INDIOS KAIAPÓ

Meu povo está brigando contra Belo Monte porque não quer a usina. Quero sentar e conversar antes que tenha guerra e problema que vai acontecer depois vai [deixar] nome do governo sujo"
Cacique Akiaboro, líder caiapó

               A usina destruirá 400.000 acres de floresta tropical Amazônica - um desastre para animais, plantas, e pessoas.
             40% dos requisitos em saúde, educação, saneamento e proteção às terras indígenas não estão sendo garantido pelo consórcio Norte Energia S.A. (NESA);
            Nós devemos impedir Belo Monte agora, antes que o povo kaiapó tome medidas desesperadas e arrisque suas vidas por causa da usina de Belo Monte.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mito e Vida dos índios Caiapós - Anton Lukesh; Editora da Universidade de São Paulo; pp. 9-11  

http://www.klickeducacao.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,por-4719,00.html, consulta em 19/06/2011

http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kayapo, consulta em 19/06/2011
                  http://pib.socioambiental.org/files/file/PIB_verbetes/xirkin/A_pintura_corporal_xikrin.pdf, consulta em 19/06/2011

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/06/lider-caiapo-diz-que-havera-guerra-se-governo-insistir-em-fazer-belo-monte.html, consulta em 19/06/2011

(Trabalho de Alessandra Lanius e Greice Hochmuller da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

POVOS INDÍGENAS - Xavante

O presente trabalho tem o intuito de descrever costumes e tradições de um determinado povo indígena. No caso deste grupo o Povo Xavante, foi estudado com o objetivo de tornar conhecida a história, crenças e outros aspectos da cultura. Levando assim informação a todas as pessoas que querem ter conhecimento sobre este povo indígena, respeitando sua singularidade e sua presença na sociedade como pessoas de direitos semelhantes e iguais aos nossos.
Compreender o significado do ser índio não é uma coisa fácil, mas não é difícil, basta ter um pouco de curiosidade, vontade em conhecer o outro e uma oportunidade.
Na segunda metade do século XVIII, vários grupos, incluindo alguns identificados como “xavante”, estiveram assentados em aldeamentos patrocinados pelo governo, onde sofreram os efeitos devastadores de doenças epidêmicas. Após, no início do século XIV, os Xavante cruzaram o rio Araguaia, o que os separou definitivamente dos Xerente. Velhos Xavante contam várias versões dramáticas desta separação. Após esta separação, os Xavante instalaram-se na região da Serra do Roncador, onde atualmente localiza-se o Mato Grosso.
            A população Xavante atual é de cerca de 10 mil pessoas abrigadas em diversas Terras Indígenas do seu antigo território de ocupação, há pelo menos 180 anos. Localizam-se no leste do Mato Grosso, nas reservas indígenas de Marechal Rondom, Maraiwatsede, São Marcos, Pimentel Barbosa, Areões e Sangradouro/Volta Grande. Suas terras, porém, são geograficamente descontínuas.
            Localizadas em meio a um conjunto de bacias hidrográficas responsáveis pela rica biodiversidade regional e, portanto, base do modo de vida tradicional indígena, essa região vem sofrendo impactos ambientais desde 1960, devido a seu ingresso na agropecuária extensiva, pela produção de grãos para a exportação, em especial a soja. Suas comunidades são politicamente autônomas, embora às vezes se unam para atingir objetivos comuns.
             A primeira iniciativa de educação escolar aconteceu em Sangradouro 1, uma aldeia Xavante localizada a leste do Estado de Mato Grosso, no início dos anos 1957, logo nos primeiros dias da chegada dos Xavantes, formando uma primeira classe, composta por aproximadamente vinte e cinco filhos de fazendeiros e oito Xavantes.
            Foi um grande impacto, tanto para o professor como para os alunos. O maior problema era como alfabetizar alunos com culturas diferentes, língua completamente desconhecida e que não compreendiam nenhuma palavra em português. A solução encontrada foi começar a descobrir as palavras da língua Xavante por meio de gestos e mímicas; desse modo o professor aprendia as palavras Xavante e os alunos as portuguesa. Ao término do primeiro ano já havia uma cartilha bilíngüe, que posteriormente foi tendo aprimoramento e aperfeiçoamento com a ajuda dos próprios índios como de outros estudiosos.
Na cultura Xavante a escolarização ocupa um espaço entre as crianças, no qual entre erros e acertos tenta-se estabelecer processos nos quais, a educação formal possa caminhar lado a lado com a educação tradicional, respeitando e preservando o “mundo” da criança, e principalmente valorizando a sua existência.
Sua língua tem como características ser fortes e marcantes. Sua língua materna é chamada de aquém, a’uwen ou akwén, ainda é mantida e transmitida para as novas gerações. Atualmente, também usam a escola para essa vital retransmissão, visto que a escola é um grande meio de socializar. Além da língua materna, quando junto dos não-índios (para interlocução e comunicação), muitos dos Xavantes (exceto mulheres, parte dos idosos e maioria das crianças) falam e entendem bem o português.
Os Xavante (A´uwe =“gente”) - formam com os Xerente (Akwe) do Estado do Tocantins, um conjunto etnolinguístico conhecido na literatura antropológica como Acuen, que fazem parte da família lingüística Jê (tronco Macro-Jê). Os Acuen, também eram identificados como “xacriabá” e “acroá”, no período colonial. Todos esses nomes foram dados por não índios com o objetivo de identificar e destinguir diversos sub-grupos Acuen que se distribuiam num território significante no centro-oeste do Brasil.
            Entre seus rituais e cerimônias o povo Xavante tem o Wai´a: “o segredo dos homens” importante complexo ritual masculino, e que gera mais divisões e intersecções grupais. No wai´a os homens têm acesso e repassam conhecimentos considerados “sobrenaturais”, diretamente relacionados às dicotomias vida/morte, bem/mal, doença/cura; Na cerimonial do Oi´ó, a primeira cerimônia pública em que os meninos pequenos se engajam é a contenda com clavas chamada ói’ó. Dela, os garotos participam desde a época em que já dão conta de portar uma clava e de dirigir-se por conta própria ao ringue de combate até quando estão prontos para serem conduzidos à casa dos solteiros, o que ocorre em algum momento entre os seus sete e dez anos de idade;         
            A Adaba: é a celebração do casamento. A celebração do matrimônio, adaba, se dá depois de o casal haver vivido junto durante um determinado período, a união já sendo estável. A cerimônia em si consiste numa troca solene de alimentos de dois dias de duração, que representa as contribuições do homem e da mulher à união matrimonial; Nominação, na maioria dos casos, esse nomes são “sonhados” por membros da sua linhagem patrilinear. Essa herança será reforçada quando o “menino” passar a ser classificado na categoria de idade dos wapté (pré-iniciado), já que será novamente batizado com outro nome, na grande maioria dos casos, também “sonhado” pelos membros de sua patrilinhagem.
            A pintura Xavante é formada por pontilhados, quadrados, retângulos, traços e xadrezados nas cores vermelhas do urucum, negra do jenipapo e carvão, e, o branco da argila, essas pinturas são geralmente utilizadas quando são realizadas as festas indígenas, como: a dança, a corrida de tora de buriti e outros de costume. No artesanato as confecções de peças são feitas exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça, coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc, da matéria prima, afim de dar uma forma específica a ela.
            Nosso objetivo com esse trabalho era apresentar um dos inúmeros povos indígenas existentes no Brasil, o povo Xavante, além de tornar conhecida a história desse povo, e não somente a história, mas suas vivências, suas crenças, seus ritos e mitos, dentre outras coisas. Acreditamos que quando tornamos conhecida a história dos povos indígenas, estamos aproximando nossa cultura a deles, e verificando, que muitos aspectos de nossa cultura tem muito a dever aos indígenas.
             Infelizmente em pleno século XXI, ainda nos deparamos com pessoas que desrespeitam os povos indígenas e sua integridade. Talvez por ignorância, talvez por medo do desconhecido, talvez por preconceito mesmo. O fato é que, nós como professores e futuros professores, devemos desmistificar a imagem romântica, ou perigosa que temos dos índios para podermos mostrar sua verdadeira existência e significância aos nossos alunos. Desmistificando essa imagem e, apresentando o “ser índio” as pessoas, podemos acabar com o desrespeito, a violência e as barbáries cometidas contra os índios ao longo desses anos, além disso, podemos compreender e, tentar fazer com que as pessoas compreendam que é preciso respeitar nos povos indígenas com toda sua singularidade.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    * Melchior, Marcelo N; Mestrando em educação-Universidade Católica Dom Bosco: A Criança  Xavante na Historio da Educação Indígena.
               *  http://pib.socioambiental.org/pt


(Trabalho de Cindy Nunes, Ellen Anacleto, Mariana Duarte, Nathália Seibt e Rhayza Grassotti da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Flavio André Balem


O povo Kaingang
O povo Kaingang é mais um dos povos que foi batizado de índio, pelo europeu invasor. Que achou estar chegando à índia. Mas esse nome não é todos que aceitam, já que quando chamamos de índio estamos colocando todos os povos originários da America como uma única tribo, enquanto que quando falamos o nome do povo estamos identificando cada grupo. Como, em uma ocasião, chamei um índio de irai de índio e o mesmo educadamente disse: - eu não sou um índio, sou um Kaingang. Com essa resposta percebi que eles conservam a sua identidade.
A população Kaingang é uma das maiores populações ameríndias em território brasileiro. Atualmente o povo kaingang vive nos quatro estados do sul: Rio Grade do sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo,  vivendo em florestas de pinheiro e nos campos do planalto sul - brasileiro e também dentro dos espaços metropolitanos, sendo que alguns kaingang vivem em situação precárias a beira de rodovias e áreas de preservação ambiental. Olhando o registro arqueológico e fontes orais desse povo conclui-se que vivem nessa região a mais ou menos dois mil anos. O fato de os índios viverem em terras indígenas pequenas dificulta o processo cultural de sobrevivência através da caça pesca e coleta. Esse isolamento em terras indígenas faz com que eles complementam a sua sobrevivência através da venda do artesanato nas cidades.
A especialidade dos Kaingang esta presente em uma grande variedade de suportes materiais, trançados como tecidos e armas. São marcas visíveis da diferença, uma véz que são parte de um sistema de representações visuais por um tradicional e especifico sistema cultural Kaingang .
A pintura corporal dos kaingang de Iraí/RS e Nonoai/RS são usadas em ocasiões especiais devido ao contexto político de retomada de suas terras no inicio da década de 90 do sec. XX.  Sendo que o reconhecimento de suas terras em Irai foi mediante a uma reinvidicação em Brasília em que os indígenas ganharam a causa ficando até com o aeroporto da cidade que estava em suas terras. O episodio de irai aconteceu após um candidato a prefeito prometer que caso fosse eleito entregaria as terras de volta aos índios. Depois de eleito deu as costas a eles, e em contra resposta, os índios reivindicaram um direito que era deles e conseguiram. uma das poucas promessas de um político de Irai que foi cumprida, ou seja, os índios de la são os únicos a que o prefeito tocou de ficar quieto, pois os indos pegaram o que foi prometido.
O lugar é indígena desde o cacique Nonoai que é considerado o líder pioneiro desse povo na região. Sendo a margem direita do Rio do Mel e seus arredores Terras Indígenas, mas que no momento pouco delas esta com eles, pois a maioria esta nas mãos de agricultores, que mantém uma certa hostilidade com os kaingang.
A educação indígena é dada em escolas indígenas que é uma educação dentro da realidade indígena, sendo que no RS existem atualmente 50 escolas Kaingang e guarani. É essa educação esta também nos meios universitários em que os indígenas  se forma em universidades para depois retornar ao seu povo para trabalhar.

O povo Guarani
O povo guarani juntamente com os kaingang e os Charruas fazem parte do povo ameríndio do Rio Grande do Sul. Os velhos índios diziam que Deus criou o mundo e dividiu a terra em duas partes: o mato para os guarani e os campos para os Juruá (pessoas não índias). Essa declaração foi dada quando as terras do RS começaram a ser invadidas pelo homem branco criador de gado. Que a partir dessa época começou a luta do povo guarani que começou a perder o espaço em sua própria terra.
Diferente do povo kaingang que vive em grupos maiores os guaranis atualmente vivem em comunidades menores que os Kaingang, mas continuam mantendo a sua cultura valorizando a ideia dos mais velhos. Um velho, tanto para o guarani quanto para o kaingang é uma pessoa dotada de sabedoria, responsável pela educação dos mais novos, sendo que através da fonte oral os velhos carregam muita sabedoria.
Para o povo guarani as plantas e os animais possuem um valor sagrado. Tudo faz parte da mãe natureza. Todo o animal um dia foi um ser humano por isso tem que ser contado à origem de todo o animal para que se saiba o que esse ser humano fez para que fosse transformado em animal e através da mãe natureza ajudar o próprio ser humano na sua sobrevivência.
Quando vemos os guaranis vendendo os seus artesanatos, que são miniaturas de animais, não percebemos que cada animal para o guarani tem um significado mitológico, ou seja, uma dádiva de deus.
Também os alimentos são sagrados para o guarani, sendo que para alimentar seu povo precisa cultivar as sementes: sem sementes não tem agricultura.  O milho é considerado alimento sagrado para alimentar a tribo. Essas sementes mostram que os guaranis se preocupam em soberania alimentar, segurança alimentar, agroecologia e a educação. Diferente do homem branco que trocou as sementes crioulas uma dádiva deixada pelos guaranis, por sementes hibridas, controlada por grandes empresas.
Uma grande contribuição guarani para o nosso dia a dia é o chimarrão que os gaúchos desinformados se orgulham em dizer que o chimarrão é do gaucho. Mas se sabe que o guarani já tomava o mesmo em rituais religiosos muito antes da chegada do europeu.
Quando se fala da mãe natureza temos muita contribuição tanto do guarani, como do kaingang, referente a ervas medicinais. Muito de nossa medicina se deve a eles já que foram os primeiros habitantes e sua medicina depende de ervas. Mas sempre que o indígena ingere uma erva juntamente é feito um ritual de agradecimento a deus por ter dado a erva que cura. Que se não for feito o agradecimento não terá o poder de cura.
(Texto escrito por Flavio Andre Balem, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)

sábado, 28 de maio de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Gabriela Passuelo

GUARANI
“A Cosmovisão xamânica Guarani considera a sociedade como um todo, em que a educação não separa, espacial e temporalmente, das demais práticas” (BERGAMASCHI; MENEZES, 2009, p. 87).
As crianças desde pequenas observam a natureza, as atividades dos adultos, e os imitam, assim se desenvolvendo. Quanto mais velha for à pessoa é provável que ela seja a mais sábia. A oralidade também é muito importante para a educação tradicional Guarani, não apenas a fala, mas a escuta respeitosa e atenta à palavra. As crianças escutam as histórias de antigamente dos mais velhos, também como forma de aprendizado.
 O respeito é fundamental para os Guarani, os adultos não repreendam e nem castigam as crianças, eles acolhem e observam as características de cada um. E, dão conselhos, que são as palavras de ensinamento.
             Os Guarani valorizam muito a natureza, ela é a grande inspiradora na e da educação tradicional. Eles aprendem a se relacionar com todos os elementos da natureza e da mata, podendo explorá-la, senti-la, mas nunca ultrapassam os limites.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida; MENEZES, Ana Luisa Teixeira de. Educação Ameríndia: a dança e a escola guarani. Santa Cruz do Sul, RS: EDUNISC, 2009.
KAINGANG

            Os Kaingang possuem um sistema dualista, isto é, são divididos em metades denominadas Kamé e Kainru e esta denominação não é dada somente para os homens e mulheres, mas também para os animais, as plantas, os minerais e os seres celestes. Tanto Kamé quanto Kanhu são obrigados a se casarem com alguém da metade oposta e todos os filhos serão denominados com a mesma simbologia do pai. Através da pintura corporal eles também fazem a representação deste sistema: Kamé os desenhos são compridos e Kainru os desenhos são arredondados.
            Os artesanatos feitos pelos Kaingang são bastante rústicos, utilizam várias cores e sementes, toda coloração e trançado têm significados. A matéria prima é retirada da mata, por exemplo: pegam a taquara, cortam, deixam secar, cortam em tiras pequenas, (neste caso depende do tamanho do balaio) e fazem o trançado. A produção é feita junto com as crianças que observam e vão aprendendo desde cedo a manusear os materiais e instrumentos, como o facão por exemplo.
(Texto escrito por Gabriela Passuelo, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

SAÍDA DE CAMPO EM SOLO INDÍGENA

No dia 21 de maio, último sábado, os alunos da disciplina de Povos Indígenas, Educação e Escola, da Faculdade de Educação da UFRGS realizaram sua primeira saída de campo, em uma visita ao povo Charrua, localizado na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Com esta saída, depois de um estudo geral a respeito dos povos indígenas, os alunos puderam ver na prática como é uma aldeia indígena, qual o modo de vida deles, onde eles vivem, literalmente, e fizeram uma reflexão a respeito do que vem sendo estudado. Para alguns, houve um “choque” e a pergunta: ‘Por que não é tudo diferente?’ Mas com um pouco de reflexão e estudo chegamos à conclusão de que aqueles são os seus costumes, e para eles, ser tudo diferente como nós pensamos é que seria estranho. Outros ficaram impressionados com a capacidade que eles possuem de dividir tudo, morar tanta gente numa mesma casa e não haverem desavenças, todo mundo se dar bem.
O certo é que essa visita marcou bastante a todos os alunos. E todos ficaram muito felizes de terem passado uma tarde tendo contato com uma cultura tão diferente da nossa e terem ganhado uma pintura especial da Cacique Aquabe, como pode ser visto na foto a baixo:

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Mariana Duarte e Cindy Nunes

De acordo com a leitura dos textos pude perceber que os povos indígenas contribuem de maneira decisiva para a diversidade étnica e cultural no Brasil. Segundo o dicionário da língua portuguesa, a palavra índio significa nativo, natural de algum lugar. Contudo sabemos que essa denominação tem origem de um erro náutico, quando Cristovam Colombo em 1492 na viagem que tinha como destino às Índias, desembarcou na América e atribuiu a denominação de índios aos moradores desta terra. E o nome índio se conservou até os dias de hoje.
Cada pessoa indígena é pertencente a um povo, e possue uma denominação própria. No Rio Grande do Sul temos os povos indígenas denominados Guarani, Charrua e Kaingang. Eles vivem, em sua maioria, em locais mais afastados da cidade. Cada povo indígena tem um sistema próprio de educação, mas em geral podemos compreendê-la em três pontos principais que formam uma unidade: a economia da reciprocidade; a casa, o pátio, como um espaço educativo doméstico da família e da rede de parentesco; a espiritualidade, como concentração simbólica de todo o sistema (rituais mitos...).
Porém, mesmo com toda essa organização educacional, muitas aldeias adotam a escola como uma maneira de aprender como funciona o sistema de vida fora da aldeia.
Os Kaingang estão vinculados, culturalmente, às sociedades Jê Bororo, Kren-Krôre, suya e timbira. A população Kaingang é uma das maiores do território brasileiro, atingindo mais de 20.000 pessoas, segundo dados de 1994.
Encontramos os grafismos, os símbolos da cultura Kaingang em grande variedade de objetos, como por exemplo, trançados, utensílios confeccionados em cabaças, troncos de pinheiros e nos seus próprios corpos. Seus traçados revelam formas vinculadas a percepção dual do cosmos, enfatizando sua organização social baseada em duas metades exogâmicas e complementares, denominadas Kamé e Kainru-kré.
Téi e Ror são os nomes dos símbolos, dos grafismos que identifica os Kamé e Kainru-Kré, respectivamente. Alguns desses grafismos servem para representar as duas metades  Kaingang. Tanto os Kamé como os Kainru-Kré, e os símbolos surgidos dessa mistura recebem o nome de Ra iãnhiá. Segundo os Kaingang de Nonoai, essa marca, esse símbolo misturado (Ra iãnhiá) indicariam um indivíduo com um grau de autoridade sobre as duas metades. Essa marca, atualmente, é a mais comum na pintura corporal dos Kaingang do Rio Grande do Sul. As aldeias Kaingang se localizam mais no sul do Brasil (São Paulo, Paraná. Santa Catarina e Rio Grande do Sul), principalmente em áreas de florestas.
O modo de vida do Guarani valoriza os aspectos culturais tanto da criança como do jovem e que envolvem a memória, a emoção, a mente humana, os sujeitos éticos e estéticos. O ensino Guarani respeita o ciclo da vida, de forma que os conteúdos trabalhados possibilitem uma construção coletiva dos conhecimentos.
No contexto dos espaços ritualísticos de educação, destaco a forma como as crianças são educadas no cotidiano. A criança vive no mundo dos sentidos e dos espíritos. Esta é observada dentro de uma relação de confiança, como expressão do sagrado. A dança é parte das vivências infantis de movimento, energia vital conectada à dimensão transcendental. Os sentimentos produzidos a partir da vitalidade são de alegria e entusiasmo, e da transcendência são de serenidade e beatitude, q que geram como evolução humana a experiência de autonomia e êxtase.
A Língua Guarani, no Brasil, está subdividida em três dialetos: O Mbyá, o Nhandeva, e o Kaiowá. Seus falantes estão localizados nos estados da região sul, sudeste e centro-oeste brasileiro e são agrupados em aldeias (Tekoá). Os Guaranis estabelecem sentidos aos grafismos presentes nas cestas, nas pinturas e em todos os outros objetos produzidos por eles. Enfatizam conceitos de uma ecologia simbólica, de um esquema cultural de concepção do meio ambiente que aponta para conceitos cosmológicos.
A arte mbyá e nhandeva destaca em seus padrões gráficos, os domínios da natureza e da sobrenatureza, através da representação de seres primitivos: deuses, animais, vegetais e outros elementos dos cosmos. Os símbolos mbyá-guarani e nhamdeva-guaranis apresentam características bem marcantes: são traços abstratos, formas geométricas. Seu padrão (geométrico e abstrato) remete a um significante da natureza ou da sobrenatureza, estabelecem uma “ponte” de comunicação com Ñanderevuçu (divindade Guarani).
A pintura corporal Guarani (yti) tem a ver com momentos de crise, marcando na pessoa processos de rituais de passagem, ou como proteção contra doenças ou infortúnios. Nos dois casos, a pintura tem ligação com a religiosidade Guarani.
A cura está ligada ao acompanhamento ativo da comunidade em torno da pessoa doente. Na Opy, as regras são os ritos, cada um dos índios deve saber o que fazer: se vai dançar, se vai tocar o takuapu, se vai ajudar o Karaí na cura. Aueles que não têm uma função determinada no grupo, ficam sentados observando, orando, alguns até adormecem. Um detalhe importante é que todos fumam seus respectivos pethenguás. A pessoa Guaranicostuma ter uma vida ativa nas decisões políticas, sociais e econômicas de sua sociedade.
(Texto escrito por Mariana Duarte e Cindy Nunes, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS).