terça-feira, 24 de maio de 2011

Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Andréia Rosa da Silva

APRESENTAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS
guarani E Kaingang

            Reconhecer a diversidade é o primeiro passo para respeitarmos aquilo que aos nossos olhos parece diferente. Se hoje perguntarmos a alguns habitantes de Porto Alegre se eles conhecem algum índio, certamente ouviremos a resposta de que eles estão no Parque da Redenção ou no Centro da capital vendendo seu artesanato e cantando suas canções. Será que é simples assim? Todos são apenas “índios”?
            Essas indagações remetem ao fato de que pouco conhecemos a respeito dos povos que já habitavam nosso território no momento de sua “descoberta” pelos europeus, pois devido a um erro geográfico todos acabaram denominados de índios, já que se pretendia chegar às Índias em busca de especiarias. No Rio Grande do Sul, atualmente, temos os povos Guarani, Kaingang e Charrua representando essa diversidade de cultura que pouco é ensinada em nossas instituições escolares.
            As terras indígenas dos índios Kaingang encontram-se predominantemente ao norte do estado, assim como os Guaranis, porém essas também se localizam no litoral, Porto Alegre e região metropolitana. Tanto Guaranis quanto Kaingangs têm na oralidade uma marca forte da sua cultura e são povos com saberes próprios e línguas distintas. “A língua guarani (família linguística tupi-guarani do tronco tupi) costuma ser dividida, no Brasil, em três dialetos: o mbyá, o nhandeva e o kaiowá” (SILVA, 2008, p.29). Com relação aos kaingang, “[...] esta sociedade pertence à família jê do tronco macro-jê e, juntamente com os xokleng, compõe o grupo de sociedades indígenas jê meridionais” (SILVA, 2008, p.30).
            Entre os Guaranis predominam duas formas de aprender: uma ligada à curiosidade, em que há uma busca pelo saber, e a outra é a revelação, dada pelas divindades quando a pessoa vive de acordo com os preceitos da cultura Guarani. Sua liderança espiritual está centrada na figura do Karaí, que também representa o educador que orienta toda a comunidade e, portanto, é visto como uma pessoa de imensa sabedoria para poder ocupar esse lugar de destaque.
            O povo Kaingang tem uma organização dualista, dividindo-se em metades chamadas de kamé e kanhru. De acordo com essa orientação os homens e mulheres são obrigados a casar com a metade oposta, sendo que se existe uma descendência patrilinear, ou seja “No caso do pai kamé, todos os filhos do casal, meninos e meninas, pertencem a kamé; respectivamente, todos os filhos do pai kanhru são kanhru.” (ROSA, 2008, p.49).
            Ainda existe uma enorme gama de conhecimentos a serem analisados para conhecermos mais dos povos que originaram nosso estado e que ainda hoje são hostilizados em sua cultura. Nos falta reconhecer que, por exemplo, com relação à educação formal os indígenas estão mais avançados do que nós, os “brancos”, já que são alfabetizados em sua língua materna e em português, para que assim possam se comunicar, vender seu artesanato e dar continuidade a seus estudos, principalmente fora de suas aldeias, realizando assim um avanço para um diálogo intercultural.
(Texto escrito por Andreia Rosa da Silva, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS).

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