Esse blog destina-se a interação entre tod@s que tem interesse e afinidade pela temática indígena e suas relações com a educação. Buscaremos compor aqui um espaço de trocas dos muitos saberes a esse respeito, enfatizando a escuta daqueles que de fato estão imersos nessa cultura - os povos indígenas. Além disso, o blog será instrumento de construção das aprendizagens realizadas ao longo dos estudos na disciplina EDU 1057 Povos Indígenas, Educação e Escola.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Guarani e Kaingang no Rio Grande do Sul por Flavio André Balem
O povo Kaingang
O povo Kaingang é mais um dos povos que foi batizado de índio, pelo europeu invasor. Que achou estar chegando à índia. Mas esse nome não é todos que aceitam, já que quando chamamos de índio estamos colocando todos os povos originários da America como uma única tribo, enquanto que quando falamos o nome do povo estamos identificando cada grupo. Como, em uma ocasião, chamei um índio de irai de índio e o mesmo educadamente disse: - eu não sou um índio, sou um Kaingang. Com essa resposta percebi que eles conservam a sua identidade.
A população Kaingang é uma das maiores populações ameríndias em território brasileiro. Atualmente o povo kaingang vive nos quatro estados do sul: Rio Grade do sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, vivendo em florestas de pinheiro e nos campos do planalto sul - brasileiro e também dentro dos espaços metropolitanos, sendo que alguns kaingang vivem em situação precárias a beira de rodovias e áreas de preservação ambiental. Olhando o registro arqueológico e fontes orais desse povo conclui-se que vivem nessa região a mais ou menos dois mil anos. O fato de os índios viverem em terras indígenas pequenas dificulta o processo cultural de sobrevivência através da caça pesca e coleta. Esse isolamento em terras indígenas faz com que eles complementam a sua sobrevivência através da venda do artesanato nas cidades.
A especialidade dos Kaingang esta presente em uma grande variedade de suportes materiais, trançados como tecidos e armas. São marcas visíveis da diferença, uma véz que são parte de um sistema de representações visuais por um tradicional e especifico sistema cultural Kaingang .
A pintura corporal dos kaingang de Iraí/RS e Nonoai/RS são usadas em ocasiões especiais devido ao contexto político de retomada de suas terras no inicio da década de 90 do sec. XX. Sendo que o reconhecimento de suas terras em Irai foi mediante a uma reinvidicação em Brasília em que os indígenas ganharam a causa ficando até com o aeroporto da cidade que estava em suas terras. O episodio de irai aconteceu após um candidato a prefeito prometer que caso fosse eleito entregaria as terras de volta aos índios. Depois de eleito deu as costas a eles, e em contra resposta, os índios reivindicaram um direito que era deles e conseguiram. uma das poucas promessas de um político de Irai que foi cumprida, ou seja, os índios de la são os únicos a que o prefeito tocou de ficar quieto, pois os indos pegaram o que foi prometido.
O lugar é indígena desde o cacique Nonoai que é considerado o líder pioneiro desse povo na região. Sendo a margem direita do Rio do Mel e seus arredores Terras Indígenas, mas que no momento pouco delas esta com eles, pois a maioria esta nas mãos de agricultores, que mantém uma certa hostilidade com os kaingang.
A educação indígena é dada em escolas indígenas que é uma educação dentro da realidade indígena, sendo que no RS existem atualmente 50 escolas Kaingang e guarani. É essa educação esta também nos meios universitários em que os indígenas se forma em universidades para depois retornar ao seu povo para trabalhar.
O povo Guarani
O povo guarani juntamente com os kaingang e os Charruas fazem parte do povo ameríndio do Rio Grande do Sul. Os velhos índios diziam que Deus criou o mundo e dividiu a terra em duas partes: o mato para os guarani e os campos para os Juruá (pessoas não índias). Essa declaração foi dada quando as terras do RS começaram a ser invadidas pelo homem branco criador de gado. Que a partir dessa época começou a luta do povo guarani que começou a perder o espaço em sua própria terra.
Diferente do povo kaingang que vive em grupos maiores os guaranis atualmente vivem em comunidades menores que os Kaingang, mas continuam mantendo a sua cultura valorizando a ideia dos mais velhos. Um velho, tanto para o guarani quanto para o kaingang é uma pessoa dotada de sabedoria, responsável pela educação dos mais novos, sendo que através da fonte oral os velhos carregam muita sabedoria.
Para o povo guarani as plantas e os animais possuem um valor sagrado. Tudo faz parte da mãe natureza. Todo o animal um dia foi um ser humano por isso tem que ser contado à origem de todo o animal para que se saiba o que esse ser humano fez para que fosse transformado em animal e através da mãe natureza ajudar o próprio ser humano na sua sobrevivência.
Quando vemos os guaranis vendendo os seus artesanatos, que são miniaturas de animais, não percebemos que cada animal para o guarani tem um significado mitológico, ou seja, uma dádiva de deus.
Também os alimentos são sagrados para o guarani, sendo que para alimentar seu povo precisa cultivar as sementes: sem sementes não tem agricultura. O milho é considerado alimento sagrado para alimentar a tribo. Essas sementes mostram que os guaranis se preocupam em soberania alimentar, segurança alimentar, agroecologia e a educação. Diferente do homem branco que trocou as sementes crioulas uma dádiva deixada pelos guaranis, por sementes hibridas, controlada por grandes empresas.
Uma grande contribuição guarani para o nosso dia a dia é o chimarrão que os gaúchos desinformados se orgulham em dizer que o chimarrão é do gaucho. Mas se sabe que o guarani já tomava o mesmo em rituais religiosos muito antes da chegada do europeu.
Quando se fala da mãe natureza temos muita contribuição tanto do guarani, como do kaingang, referente a ervas medicinais. Muito de nossa medicina se deve a eles já que foram os primeiros habitantes e sua medicina depende de ervas. Mas sempre que o indígena ingere uma erva juntamente é feito um ritual de agradecimento a deus por ter dado a erva que cura. Que se não for feito o agradecimento não terá o poder de cura.
(Texto escrito por Flavio Andre Balem, da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)
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